sexta-feira, 10 de maio de 2013

INTRODUÇÃO Á ANTROPOLOGIA


INTRODUÇÃO Á ANTROPOLOGIA 

    Antropologia vem do grego (anthropus = homem e logos = estudo).
    A Antropologia é a ciência humana e social que busca conhecer a diferença e alteridade dos outros.
     Então estuda-la nos faz compreender que, longe de haver somente uma formação cultural que dê sentido as ações dos homens, toda e qualquer cultura é coerente em si mesmo quando vista de forma total e a partir de seus pressupostos, mas ainda podemos aprender que nossas culturas não são as únicas e nem as mais verdadeiras, originais e autenticadas, a Antropologia nos ensina que todo e qualquer esquema cultural ou classificatório é mais um dentro dos inúmeros outros que também coabitam nossa sociedade não é superior a outra. Em tese a Antropologia ajuda a nos descentrarmos de nós mesmo, assim como nossa cultura ou sociedade.
    A Antropologia nasce de um intenso progresso cientifico somado a mudanças culturais e econômicas junto com a unificação alemã e a necessidade de compreender a opinião pública e a vontade da massa.
Amparada pela Sociologia e Biologia, a Antropologia se divide em duas sub áreas:
Ø Biológica e Física: Mudanças morfológicas em nossas espécies
Ø Cultural e Comportamental: Interessada nos comportamentos humanos
     Então a Antropologia é o estudo do homem buscando um enfoque totalizador que interage os aspectos culturais e biológicos no presente e no passado, focalizando as relação do homem com o meio ambiente, do homem com a cultura e do homem com o homem.



Para que uma disciplina seja considerada cientifica tem que ter um objeto, um método e um paradigma, ou seja uma ideia chave que guie as observações (com especialistas no assunto).
   A Antropologia é a ciência humana e social que busca conhecer a diferença e alteridade dos outros.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

LEITURA, TEXTO E SENTIDO


         LEITURA, TEXTO E SENTIDO

A concepção de língua como representação do pensamento corresponde à de sujeito psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações, nessa concepção de língua como representação do pensamento e de sujeito como senhor absoluto de suas ações e de seu dizer o texto é visto como um produto, lógico, do pensamento do autor, nada mais cabendo ao leitor senão captar essa representação mental, juntamente com as intenções do produtor, exercendo, pois, um papel passivo.
A leitura, assim, é entendida como atividade de captação das ideias do autor, sem se levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor. Na concepção de língua como código, portanto, como mero instrumento de comunicação, e de sujeito como (pre)determinado pelo sistema, o texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado.
A leitura é, pois uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do evento comunicativo. Com base nesta concepção podemos entender que:

Ø  A leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do leitor;
Ø  A leitura de um texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é um simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo.

Fundamentamo-nos, pois, em uma concepção sociocognitiva-interacional de língua que privilegia os sujeitos e seus conhecimentos em processo de interação, ou seja, a leitura é uma atividade de produção de sentidos. A leitura e a produção de sentido são atividades orientadas por nossa bagagem sociognitiva: conhecimentos da língua e das coisas do mundo (lugares sociais, crenças, valores, vivências). 
            A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.

          Anteriormente, destacamos a concepção de leitura como uma atividade baseada na interação autor-texto-leitor. Se, por um lado, nesse processo, necessário se faz considerar a materialidade linguística do texto, elemento sobre o qual e a partir do qual se constitui a interação, por outro lado, é preciso também levar em conta os conhecimentos do leitor, condição fundamental para o estabelecimento da interação, com maior ou menor intensidade, durabilidade, qualidade.

            Considerar o leitor e seus conhecimentos e que esses conhecimentos são diferentes de um leitor para outro implica aceitar uma pluralidade de leituras e de sentidos em relação a um mesmo texto, mas, o sentido não está apenas no leitor, nem no texto, mas na interação autor-texto-leitor.

             A pluralidade de leituras e de sentidos pode ser maior ou menor dependendo do texto, do modo como foi constituído, do que foi explicitamente revelado e do que foi implicitamente sugerido, por um lado; da ativação, por parte do leitor, de conhecimentos de natureza diversa, e de sua atitude cooperativa perante o texto, por outro lado.

Já em se tratando de fatores de compreensão da leitura, os fatores relativos ao autor/texto, por um lado, ou ao texto, por outro lado, podem interferir nesse processo, de modo a dificultá-lo ou facilitá-lo. A compreensão não requer que os conhecimentos do texto e os do leitor coincidam, mas que possam interagir.


Conceitos:
          
Ø  Texto àPode-se definir texto ou discurso como ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica (componente do sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados) e formal;

                     Textualidade à É o conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequencia de frases


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Antropologia - RAÍZES DO BRASIL


RAÍZES DO BRASIL
Sérgio Buarque de Holanda
Capitulo I
Fronteiras Europeias (resumo)


A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.
[...]
A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos (e em certos sentidos também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com outros mundos. Assim, eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante mantém um patrimônio necessário.
Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no coro europeu. Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos, determinando muitos aspectos peculiares de sua história e formação espiritual. Surgiu assim um tipo de sociedade que se desenvolveria, em alguns sentidos, quase à margem das congêneres europeias, e sem delas receber qualquer incitamento, que já não trouxe em germe. 
[...]
Pode dizer-se, realmente, que pela importância peculiar que atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo e no espaço, devem aos espanhóis e portugueses muito de sua originalidade nacional. Para eles, o índice do valor de um homem infere-se, antes de tudo, da extensão em que não precise depender dos demais, em que não necessite de ninguém, em que se baste. Cada qual é filho de si mesmo, de seu esforço próprio, de suas virtudes.
[...]
Essa concepção espalha-se fielmente em uma palavra bem hispânica, “sobranceria”, palavra que indica inicialmente a ideia de superação. Mas luta e emulação que ela implica era tacitamente admitidas e admiradas, engrandecidas pelos poetas, recomendadas pelos moralistas e sancionadas pelo governo.
É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização de todas as associações que impliquem solidariedade e ordenação entre esses povos. Em terra onde todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida.
[...]
A frouxidão da estrutura social, à falta de hierarquia organizada devem-se alguns dos episódios mais singulares da história das nações hispânicas, incluindo-se nelas Portugal e Brasil. Os elementos anárquicos sempre frutificaram aqui facilmente, com a cumplicidade a indolência displicente das instituições e costumes. As iniciativas, mesmo quando se quiseram construtivas, foram continuamente no sentido de separar os homens, não de uni-los. Os decretos dos governos nasceram em primeiro lugar da necessidade de se conterem e de refrearem as paixões particulares momentâneas, só raras vezes da pretensão de se associarem permanentemente as forças ativas.
A falta de coesão em nossa vida social não representa, assim, em fenômeno moderno. E é por isso que erram profundamente aqueles que imaginam na volta à tradição, a certa tradição, a única defesa possível contra nossa desordem.
[...]
Nossa anarquia, nossa incapacidade de organização sólida, não representam, a seu ver, mais do que uma ausência da única ordem que lhes parece necessária e eficaz. Se considerarmos bem, a hierarquia que exaltam é precisa de tal anarquia para se justificar e ganhar prestígio.
[...]
Assim, a sociedade dos homens na terra não pode ser um fim em si. Sua disposição hierárquica, posto que rigorosa, não visa à permanência, nem quer o bem-estar no mundo. Não há, nessa sociedade, lugar para as criaturas que procuram a paz terrestre nos bens e vantagens deste mundo. A comunidade dos justos é estrangeira na terra, ela viaja e vive da fé no exílio e na mortalidade.
[...]
A Idade Média mal conheceu as aspirações conscientes para uma reforma da sociedade civil. O mundo era organizado segundo leis eternas e indiscutíveis, imposta do outro mundo pelo supremo ordenador de todas as coisas. Por um paradoxo singular, o princípio formador da sociedade era, em sua expressão mais nítida, uma força inimiga, inimiga do mundo, inimiga da vida.
[...]
No fundo, o próprio princípio de hierarquia nunca chegou a importar de modo cabal entre nós. Toda hierarquia funda-se necessariamente em privilégios. E a verdade é que, bem antes de triunfarem no mundo as chamadas ideias revolucionárias, portugueses e espanhóis parecem ter sentido vivamente a irracionalidade específica, a injustiça social de certos privilégios, sobre tudo dos privilégios hereditários.
[...]
Efetivamente, as teorias negadoras do livre arbítrio foram sempre encaradas com desconfiança e antipatia pelos espanhóis e portugueses. Nunca eles se sentiram muito à vontade em um mundo onde o mérito e a responsabilidade individuais não encontrassem pleno reconhecimento.
Foi essa mentalidade, justamente, que se tornou o maior óbice, entre eles, ao espírito de organização espontânea, tão característica de povos protestantes, e, sobretudo de calvinistas. Porque, na verdade, as doutrinas que apregoam o livre arbítrio e a responsabilidade pessoal são tudo, menos favorecedoras da associação entre os homens. Nas nações ibéricas, à falta dessa racionalização da vida, que tão cedo experimentaram algumas terras protestantes, o princípio unificador foi sempre representado pelos governos. Nelas predominou, incessantemente, o tipo de organização política artificialmente mantida por uma força exterior, que nos tempos modernos encontrou uma das suas formas características nas ditaduras militares.
Um fato que não se pode deixar de tomar consideração no exame da psicologia desses povos é a invencível repulsa que sempre lhes inspirou toda moral fundada no culto ao trabalho. Sua atitude normal é precisamente o inverso da teoria, corresponde ao sistema do artesanato medieval, onde se encarece o trabalho físico, denegrindo o lucro, o “lucro torpe”. Só muito recentemente, com prestígio maior das instituições dos povos do Norte, é que essa ética do trabalho chegou a conquistar algum terreno entre eles. Mas as resistências que encontrou e ainda encontra tem sido tão vivas e perseverantes, que é lícito duvidar do seu êxito completo.
[...]
A ação sobre as coisas, sobre o universo material, implica submissão a um objeto exterior, aceitação de uma lei estranha ao indivíduo. Ela não é exigida por Deus, nada acrescenta à sua glória e não aumenta nossa própria dignidade.
[...]
Uma digna ociosidade sempre pareceu mais excelente, e até mais nobilitante, a um bom português, ou a um espanhol, do que a luta insana do pão a cada dia. O que ambos admirem como ideal é uma vida de grande senhor, exclusiva de qualquer esforço, de qualquer preocupação.
[...]
Também se compreende que a carência dessa mora do trabalho se ajustasse bem a uma reduzida capacidade de organização social. Efetivamente o esforço humilde, anônimo e desinteressado é agente poderoso da solidariedade dos interesses e, como tal estimula a organização racional dos homens e sustenta a coesão entre eles. Onde prevaleça uma forma qualquer de moral do trabalho dificilmente faltará à ordem e a tranquilidade entre os cidadãos, porque são necessárias, uma e outra, à harmonia dos interesses. O certo é que, entre espanhóis e portugueses, a moral do trabalho representou sempre fruto exótico. Não admira que fossem precárias, nessa gente, as ideias de solidariedade.
A bem dizer, essa solidariedade, entre eles, existe somente onde há vinculação de sentimentos mais do que relações de interesse, no recinto doméstico ou entre amigos.
A autarquia do indivíduo, à exaltação extrema da personalidade, paixão fundamental e que não tolera compromissos, só pode haver uma alternativa: a renúncia a essa mesma personalidade em vista de um bem maior.
A experiência e a tradição ensinam que toda cultura só absorve, assimila e elabora em geral traços de outras culturas, quando estes encontram uma possibilidade de ajuste aos seus quadros de vida. Neste particular cumpre lembrar o que se deu com as culturas europeias transportadas ao novo mundo. Nem o contato e a mistura com as raças indígenas, ou adventícias fizeram-nos tão diferentes dos nossos avós de além-mar como às vezes gostaríamos de sê-lo. No caso brasileiro, a verdade, por menos sedutora que possa parecer a alguns de nossos patriotas, é que ainda nos associa à Península Ibérica, a Portugal especialmente, uma tradição longa e viva, bastante viva para nutrir, até hoje, uma alma comum, a despeito de tudo quanto nos separa. Podemos dizer que de lá nos veio a forma atual de nossa cultura; o resto foi matéria que sujeitou mal ou bem a essa forma. 

Fronteiras Européias

Psicologia Social - A PSICOLOGIA OU AS PSICOLOGIAS


A PSICOLOGIA OU AS PSICOLOGIAS
Ana M. Bahia Bock

CIÊNCIA E SENSO COMUM
Usamos o termo psicologia, no nosso cotidiano, com vários sentidos. Por exemplo, quando falamos do poder de persuasão de um vendedor, dizemos que ele usa “psicologia  para vender seu produto, mas será que essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa psicologia, usada no cotidiano pelas pessoas em geral, é denominada de psicologia do senso comum. Mas nem por isso deixa de ser uma psicologia. O que estamos querendo dizer é que as pessoas, em geral, têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia científica, o que lhes permite explicar ou compreender seu problemas cotidianos de um ponto de vista psicológico. É a Psicologia científica que pretendemos apresentar nessa leitura. Mas para isso, deve-se iniciar pela exposição da relação ciência/senso comum e assim devera compreender melhor a Psicologia científica.

O SENSO COMUM: CONHECIMENTO DA REALIDADE
Existe um domínio da vida que pode ser entendido como vida por excelência: é a vida do cotidiano. É no cotidiano que tudo flui, que as coisas acontecem, que nos sentimos vivos, que sentimos a realidade, ou seja, são todas as prática que pode denunciar que estamos vivos que o senso comum trabalha. Já a ciência é uma atividade eminentemente reflexiva. Ela procura compreender, elucidar e alterar esse cotidiano, a partir de seu estudo sistemático.
O cotidiano e o conhecimento científico que temos da realidade aproximam-se e se afastam: aproximam-se porque a ciência se refere ao real; afastam-se porque a ciência abstrai a realidade para compreendê-la melhor, ou seja, a ciência afasta-se da realidade, transformando-a em objeto de investigação o que permite a construção do conhecimento científico sobre o real. Já o senso comum na produção desse tipo de conhecimento, percorre um caminho que vai do hábito, a qual quando se instala passa de geração a geração, e é nessa tentativa de facilitar o dia-a-dia que o senso comum produz suas próprias teorias.

O SENSO COMUM: UMA VISÃO DE MUNDO
Esse conhecimento do senso comum, além de sua produção característica, acaba por se apropriar, de uma maneira muito singular, de conhecimentos produzidos pelos outros setores da produção do saber humano. O senso comum mistura e recicla esses outros saberes, muito mais especializados, e os reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada visão de mundo. Mas somente esse tipo de conhecimento, porém não seria suficiente para as exigências de desenvolvimento da humanidade. O homem desde os tempos primitivos, foi ocupando cada vez mais espaço neste planeta, e somente esse conhecimento intuitivo seria muito pouco para que ele dominasse a Natureza em seu próprio proveito. 

O QUE É CIÊNCIA
A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso através de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade. Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução. Nega-se, reafirma-se, descobrem-se, novos aspectos, e assim a ciência avança como um processo. Ou seja, a ciência tem ainda uma característica fundamental que é aspirar à objetividade.

OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA
Se dermos a palavra a um psicólogo comportamentalista ele dirá: “O objeto de estudo da Psicologia é o comportamento humano”. Se a palavra for dada a um psicólogo psicanalista, ele dirá: “O Objeto de estudo da Psicologia é o inconsciente”. Outros dirão que é a consciência humana, e outros, ainda, a personalidade, ou seja, temos uma diversidade de objetos de estudos na psicologia.

DIVERSIDADE DE OBJETOS DA PSICOLOGIA
Um dos motivos responsáveis pela diversidade de objetos da Psicologia é o fato de este campo de conhecimento, a despeito de existir há muito tempo na filosofia enquanto preocupação humana, só muito recente (final do século passado) ter-se constituído como área do conhecimento científico. Esse fato é importante, já que a ciência se caracteriza pela exatidão de sua construção teórica, e, quando uma ciência é muito nova, ela não teve tempo ainda de apresentar teorias acabadas e definitivas, que permitam definir com maior precisão seu objeto de estudo.
Um outro motivo que contribuiu para dificultar uma clara definição de objeto da Psicologia é o fato de o cientista, o pesquisador, confundir-se com o objeto a ser pesquisado. No sentido mais amplo, o objeto de estudo da Psicologia é o homem e neste caso o pesquisador está inserido na categoria a ser estudada. Assim, a concepção de homem que o pesquisador traz consigo “contamina” inevitavelmente a sua pesquisa em Psicologia. Isto ocorre porque há diferentes concepções de homem entre os cientistas (na medida em que estudos filosóficos e teológicos e mesmo doutrinas políticas acabam definindo o homem a sua maneira, e o cientista acaba necessariamente se vinculando a umas destas crenças). É o caso da concepção do homem natural, formulada pelo filósofo francês Rousseau, que imagina que o homem era puro e foi corrompido pela sociedade e que cabe então ao filósofo reencontrar essa pureza perdida.
Por outro lado. Essa diversidade de objetos justifica-se porque os fenômenos psicológicos são tão diversos, que não podem ser acessíveis ao mesmo nível de observação e, portanto, não podem ser sujeitos aos mesmos padrões de descrições, medida controle e interpretações. Esta situação leva-nos a questionar a caracterização da Psicologia como ciência e a postular que no momento não existe uma psicologia, mas Ciências Psicológicas embrionárias e em desenvolvimento.
OS FENOMENOS PSICOLÓGICOS
E pensarmos que toda construção parte de uma matéria-prima, podemos dizer que a matéria-prima da Psicologia é a vida dos seres humanos. É a partir desse material que a Psicologia construirá todo seu saber. Tudo que a psicologia criar, pensar ou disser será sobre a vida dos seres humanos. A Psicologia contribui com o estudo dos fenômenos psicológicos para compreensão da totalidade da vida humana.
Nossa matéria-prima, portanto, é a vida humana em todas as suas manifestações, sejam elas mentais, corporais ou no mundo externo. Nosso objeto são os fenômenos psicológicos. Os fenômenos psicológicos referem-se a processos que acontecem em nosso mundo interno e que são construídos ao longo de nossa vida.

                                                       
AS PSICOLOGIAS 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Introdução ao Jornalismo - Classificação Brasileira do Jornalismo (categorias e gêneros)


Classificação Brasileira do Jornalismo (categorias e gêneros)


               A classificação dos gêneros no âmbito específico do jornalismo brasileiro, verificamos que o único pesquisador a se preocupar sistematicamente com o fenômeno foi Luiz Beltrão, outros também discorreram sobre o assunto, mas apenas de forma estética ou a suas funcionalidades e não se preocuparam em conceitua-lo. Beltrão apresenta três categorias que são:
    A)      JORNALISMO INFORMATIVO
     1.      Notícia
     2.      Reportagem
     3.      História do interesse humana
      4.      Informação pela imagem

B)    JORNALISMO INTERPRETATIVO
               5.      Reportagem em profundidade

C)    JORNALISMO OPINATIVO
6.      Editorial
7.      Artigo
8.      Crônica
9.      Opinião ilustrada
10.  Opinião do leitor

 O critério adotado é explicitamente funciona. Beltrão sugere uma separação dos gêneros segundo suas funções que desempenham junto ao público leitor: informar, explicar e orientar.
Nota-se apenas a não inclusão da categoria diversional, percebemos que Beltrão encara o jornalismo com uma atividade séria, onde não há lugar para brincadeira, para a diversão. Sendo uma atividade comprometida com a promoção do bem comum, ela deve se ater ao universo estrito do real, da verdade, da atualidade. Isso não exclui a presença do entretenimento nos meios de comunicação, mas em espaços apropriados para fruição estética.
Ele fala em reportagem e reportagem em profundidade. Pela descrição faz das respectivas técnicas de captação, redação e edição, bem como dos modos de expressão que assumem na superfície impressa, não se torna convincente a sua segmentação em dois gêneros. Na verdade, afigura-se como espécies de um mesmo gênero, a reportagem uma. A pequena reportagem (inevitavelmente superficial pela contingência da celeridade com os fatos que devem ser divulgados); a outra a grande reportagem (naturalmente mais profunda, pela disponibilidade de tempo que se oferece à equipe ou ao repórter para pesquisar, refletir, avaliar distanciando-se, portanto da pressão analítica que caracteriza os relatos jornalísticos imediatos). 
Também se mostra discutível a classificação da história de interesse humano como gênero autônomo. Na prática, o que ocorre é sua distinção como matéria fria (atualidade permanente), permitindo-se ao jornalista que a escreve, recorrer ao arsenal narrativo peculiar ao universo da ficção. Mas nada diferencia da reportagem. O relato jornalístico é fundamentalmente o mesmo. Trata-se de um fato que foi notícia (matéria quente) e que o jornalista retoma a sua dimensão humana para suscitar o interesse e a atenção do público. Uma outra discordância é a autonomia que se atribui a fotografia e aos outros recursos que informam através da imagem. Ou seja, o critério básico que ele toma é o do texto como unidade discursiva, figurando a imagem como exceção nesse universo. Entendemos que não é o código em si que caracteriza um gênero jornalístico e sim o conjunto das circunstâncias que determinam o relato que a instituição jornalística difunde para seu público. Então, a fotografia ou o desenho são perfeitamente identificáveis como notícias, como complemento das notícias ou como reportagens. Aceitamos como válida, no entanto, a autonomia da opinião ilustrada por se tratar de uma forma de expressão que ficou reduzida à imagem no nosso jornalismo.

Critérios para adoção de criação dos gêneros

Vamos adotar dois critérios para adoção dos gêneros jornalístico:
Primeiro: o jornalista reproduz o real e lê o real. Reproduzir o real significa descrevê-lo jornalisticamente a partir de dois parâmetros que são o atual e o novo. Ler o real significa identificar o valor do atual e do novo na conjuntura que nutre e transforma os processos jornalísticos. Justifica-se, portanto a manutenção de instituição que façam saber aos interessados o que está acontecendo e possam também dizer o que pensam dos fatos que ocorrem. O jornalismo articula-se, portanto em função de dois núcleos de interesse: a informação e a opinião. 
Segundo: os gêneros que correspondem ao universo da informação se estrutura a partir de um referencial exterior à instituição jornalística; a sua expressão depende diretamente da eclosão e evolução dos acontecimentos e da relação que os mediadores profissionais estabelecem em relação aos seus protagonistas. Já no caso dos gêneros que se agrupam na área da opinião, a estrutura da mensagem é co-determinante por variáveis controladas pela instituição jornalística e que assumem duas feições: que é a autoria ou seja, quem emite a opinião e a angulagem  que é a perspectiva temporal ou espacial que dá sentido à opinião .

A)    JORNALISMO INFORMATIVO
1.      NOTA
2.      NOTÍCIA
3.      REPORTAGEM
4.      ENTREVISTA

B)    JORNALISMO OPINATIVO
5.      EDITORIAL
6.      COMENTÁRIO
7.      ARTIGO
8.      RESENHA
9.      COLUNA
10.  CRÔNICA
11.  CARICATURA
12.  CARTA 

Jornalismo Informativo

A NOTA corresponde ao relato de acontecimentos que estão em processo de configuração e por isso é mais frequente no rádio e na televisão. A NOTÍCIA é o relato integral de um fato que já eclodiu no organismo social. A REPORTAGEM é o relato ampliado de um acontecimento que já repercutiu no organismo social e produziu alterações que são percebidas pela organização jornalística. Por sua vez, a ENTREVISTA é um relato que privilegia um ou mais protagonistas do acontecer, possibilitando-lhes um contato direto com a coletividade.

Jornalismo Opinativo

Nesse caso dos gêneros opinativos, deparamo-nos com alguns que se estruturam semelhantemente enquanto narração dos valores contidos nos acontecimento, mas assumem identidades diversas a partir da autoria/angulagem. O COMENTÁRIO, o ARTIGO, e a RESENHA pressupõe autoria definida e explicitada, pois este é o indicador que orienta a sintonização do receptor; já o EDITORIAL não tem autoria, divulgando-se como espaço da opinião institucional (ou seja, a autoria corresponde à instituição jornalística). O COMENTÁRIO e o EDITORIAL estruturam-se segundo uma angulagem temporal que exige continuidade e imediatismo; isso não ocorre com a RESENHA e o ARTIGO, pois o primeiro, embora frequente, descobre os valores dos bens culturais diferenciados, e o segundo, embora também contemple fenômenos diferentes, não se caracteriza pela frequência, aparecendo aleatoriamente. O que também se aproxima da RESENHA do ARTIGO é a circunstância de serem gêneros cuja angulagem é determinada pelo critério de competência dos autores na busca de valores inerentes aos fatos que analisam. Em relação à COLUNA, CROÔNICA CARICATURA e CARTA um traço comum é a identificação da autoria. Já as angulagens são distintas. A COLUNA e a CARICATURA emitem opiniões temporalmente contínuas, sincronizadas com o emergir e o repercutir dos acontecimentos. A CRÔNICA e a CARTA estruturam-se de modo e temporalmente mais defasado; vinculam-se diretamente aos fatos que estão acontecendo, mas seguem-lhe o rastro, ou melhor, não coincidem com seu momento eclosivo. Do ponto de vista da angulagem especial, somente a CARICATURA estrutura-se articulamente com o ambiente peculiar à instituição jornalística, ou seja, nutre-se daqueles valores que dão espírito de corpo à redação de um jornal, emissora ou revista. A CARTA distancia-se totalmente, reproduzindo o ângulo de observação que resgata o outro lado do fluxo jornalístico: o do receptor, o da coletividade. A CRÔNICA e a COLUNA incorporam ou fazem a mediação com a ótica da comunidade ou dos grupos sociais a que a instituição jornalística se dirige.