quinta-feira, 2 de maio de 2013

Introdução ao Jornalismo - Classificação Brasileira do Jornalismo (categorias e gêneros)


Classificação Brasileira do Jornalismo (categorias e gêneros)


               A classificação dos gêneros no âmbito específico do jornalismo brasileiro, verificamos que o único pesquisador a se preocupar sistematicamente com o fenômeno foi Luiz Beltrão, outros também discorreram sobre o assunto, mas apenas de forma estética ou a suas funcionalidades e não se preocuparam em conceitua-lo. Beltrão apresenta três categorias que são:
    A)      JORNALISMO INFORMATIVO
     1.      Notícia
     2.      Reportagem
     3.      História do interesse humana
      4.      Informação pela imagem

B)    JORNALISMO INTERPRETATIVO
               5.      Reportagem em profundidade

C)    JORNALISMO OPINATIVO
6.      Editorial
7.      Artigo
8.      Crônica
9.      Opinião ilustrada
10.  Opinião do leitor

 O critério adotado é explicitamente funciona. Beltrão sugere uma separação dos gêneros segundo suas funções que desempenham junto ao público leitor: informar, explicar e orientar.
Nota-se apenas a não inclusão da categoria diversional, percebemos que Beltrão encara o jornalismo com uma atividade séria, onde não há lugar para brincadeira, para a diversão. Sendo uma atividade comprometida com a promoção do bem comum, ela deve se ater ao universo estrito do real, da verdade, da atualidade. Isso não exclui a presença do entretenimento nos meios de comunicação, mas em espaços apropriados para fruição estética.
Ele fala em reportagem e reportagem em profundidade. Pela descrição faz das respectivas técnicas de captação, redação e edição, bem como dos modos de expressão que assumem na superfície impressa, não se torna convincente a sua segmentação em dois gêneros. Na verdade, afigura-se como espécies de um mesmo gênero, a reportagem uma. A pequena reportagem (inevitavelmente superficial pela contingência da celeridade com os fatos que devem ser divulgados); a outra a grande reportagem (naturalmente mais profunda, pela disponibilidade de tempo que se oferece à equipe ou ao repórter para pesquisar, refletir, avaliar distanciando-se, portanto da pressão analítica que caracteriza os relatos jornalísticos imediatos). 
Também se mostra discutível a classificação da história de interesse humano como gênero autônomo. Na prática, o que ocorre é sua distinção como matéria fria (atualidade permanente), permitindo-se ao jornalista que a escreve, recorrer ao arsenal narrativo peculiar ao universo da ficção. Mas nada diferencia da reportagem. O relato jornalístico é fundamentalmente o mesmo. Trata-se de um fato que foi notícia (matéria quente) e que o jornalista retoma a sua dimensão humana para suscitar o interesse e a atenção do público. Uma outra discordância é a autonomia que se atribui a fotografia e aos outros recursos que informam através da imagem. Ou seja, o critério básico que ele toma é o do texto como unidade discursiva, figurando a imagem como exceção nesse universo. Entendemos que não é o código em si que caracteriza um gênero jornalístico e sim o conjunto das circunstâncias que determinam o relato que a instituição jornalística difunde para seu público. Então, a fotografia ou o desenho são perfeitamente identificáveis como notícias, como complemento das notícias ou como reportagens. Aceitamos como válida, no entanto, a autonomia da opinião ilustrada por se tratar de uma forma de expressão que ficou reduzida à imagem no nosso jornalismo.

Critérios para adoção de criação dos gêneros

Vamos adotar dois critérios para adoção dos gêneros jornalístico:
Primeiro: o jornalista reproduz o real e lê o real. Reproduzir o real significa descrevê-lo jornalisticamente a partir de dois parâmetros que são o atual e o novo. Ler o real significa identificar o valor do atual e do novo na conjuntura que nutre e transforma os processos jornalísticos. Justifica-se, portanto a manutenção de instituição que façam saber aos interessados o que está acontecendo e possam também dizer o que pensam dos fatos que ocorrem. O jornalismo articula-se, portanto em função de dois núcleos de interesse: a informação e a opinião. 
Segundo: os gêneros que correspondem ao universo da informação se estrutura a partir de um referencial exterior à instituição jornalística; a sua expressão depende diretamente da eclosão e evolução dos acontecimentos e da relação que os mediadores profissionais estabelecem em relação aos seus protagonistas. Já no caso dos gêneros que se agrupam na área da opinião, a estrutura da mensagem é co-determinante por variáveis controladas pela instituição jornalística e que assumem duas feições: que é a autoria ou seja, quem emite a opinião e a angulagem  que é a perspectiva temporal ou espacial que dá sentido à opinião .

A)    JORNALISMO INFORMATIVO
1.      NOTA
2.      NOTÍCIA
3.      REPORTAGEM
4.      ENTREVISTA

B)    JORNALISMO OPINATIVO
5.      EDITORIAL
6.      COMENTÁRIO
7.      ARTIGO
8.      RESENHA
9.      COLUNA
10.  CRÔNICA
11.  CARICATURA
12.  CARTA 

Jornalismo Informativo

A NOTA corresponde ao relato de acontecimentos que estão em processo de configuração e por isso é mais frequente no rádio e na televisão. A NOTÍCIA é o relato integral de um fato que já eclodiu no organismo social. A REPORTAGEM é o relato ampliado de um acontecimento que já repercutiu no organismo social e produziu alterações que são percebidas pela organização jornalística. Por sua vez, a ENTREVISTA é um relato que privilegia um ou mais protagonistas do acontecer, possibilitando-lhes um contato direto com a coletividade.

Jornalismo Opinativo

Nesse caso dos gêneros opinativos, deparamo-nos com alguns que se estruturam semelhantemente enquanto narração dos valores contidos nos acontecimento, mas assumem identidades diversas a partir da autoria/angulagem. O COMENTÁRIO, o ARTIGO, e a RESENHA pressupõe autoria definida e explicitada, pois este é o indicador que orienta a sintonização do receptor; já o EDITORIAL não tem autoria, divulgando-se como espaço da opinião institucional (ou seja, a autoria corresponde à instituição jornalística). O COMENTÁRIO e o EDITORIAL estruturam-se segundo uma angulagem temporal que exige continuidade e imediatismo; isso não ocorre com a RESENHA e o ARTIGO, pois o primeiro, embora frequente, descobre os valores dos bens culturais diferenciados, e o segundo, embora também contemple fenômenos diferentes, não se caracteriza pela frequência, aparecendo aleatoriamente. O que também se aproxima da RESENHA do ARTIGO é a circunstância de serem gêneros cuja angulagem é determinada pelo critério de competência dos autores na busca de valores inerentes aos fatos que analisam. Em relação à COLUNA, CROÔNICA CARICATURA e CARTA um traço comum é a identificação da autoria. Já as angulagens são distintas. A COLUNA e a CARICATURA emitem opiniões temporalmente contínuas, sincronizadas com o emergir e o repercutir dos acontecimentos. A CRÔNICA e a CARTA estruturam-se de modo e temporalmente mais defasado; vinculam-se diretamente aos fatos que estão acontecendo, mas seguem-lhe o rastro, ou melhor, não coincidem com seu momento eclosivo. Do ponto de vista da angulagem especial, somente a CARICATURA estrutura-se articulamente com o ambiente peculiar à instituição jornalística, ou seja, nutre-se daqueles valores que dão espírito de corpo à redação de um jornal, emissora ou revista. A CARTA distancia-se totalmente, reproduzindo o ângulo de observação que resgata o outro lado do fluxo jornalístico: o do receptor, o da coletividade. A CRÔNICA e a COLUNA incorporam ou fazem a mediação com a ótica da comunidade ou dos grupos sociais a que a instituição jornalística se dirige. 
              

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