Classificação Brasileira do Jornalismo (categorias e gêneros)
A
classificação dos gêneros no âmbito específico do jornalismo brasileiro,
verificamos que o único pesquisador a se preocupar sistematicamente com o
fenômeno foi Luiz Beltrão, outros também discorreram sobre o assunto, mas
apenas de forma estética ou a suas funcionalidades e não se preocuparam em
conceitua-lo. Beltrão apresenta três categorias que são:
A) JORNALISMO INFORMATIVO
1. Notícia
2. Reportagem
3. História do interesse humana
4.
Informação pela
imagem
B)
JORNALISMO INTERPRETATIVO
5. Reportagem
em profundidade
C)
JORNALISMO OPINATIVO
6.
Editorial
7.
Artigo
8.
Crônica
9.
Opinião ilustrada
10. Opinião
do leitor
O
critério adotado é explicitamente funciona. Beltrão sugere uma separação dos
gêneros segundo suas funções que desempenham junto ao público leitor: informar,
explicar e orientar.
Nota-se apenas a não inclusão da
categoria diversional, percebemos que Beltrão encara o jornalismo com uma
atividade séria, onde não há lugar para brincadeira, para a diversão. Sendo uma
atividade comprometida com a promoção do bem comum, ela deve se ater ao
universo estrito do real, da verdade, da atualidade. Isso não exclui a presença
do entretenimento nos meios de comunicação, mas em espaços apropriados para
fruição estética.
Ele fala em reportagem e reportagem em
profundidade. Pela descrição faz das respectivas técnicas de captação, redação
e edição, bem como dos modos de expressão que assumem na superfície impressa,
não se torna convincente a sua segmentação em dois gêneros. Na verdade,
afigura-se como espécies de um mesmo gênero, a reportagem uma. A pequena
reportagem (inevitavelmente superficial pela contingência da celeridade com os
fatos que devem ser divulgados); a outra a grande reportagem (naturalmente mais
profunda, pela disponibilidade de tempo que se oferece à equipe ou ao repórter
para pesquisar, refletir, avaliar distanciando-se, portanto da pressão
analítica que caracteriza os relatos jornalísticos imediatos).
Também se mostra discutível a
classificação da história de interesse humano como gênero autônomo. Na prática,
o que ocorre é sua distinção como matéria fria (atualidade permanente),
permitindo-se ao jornalista que a escreve, recorrer ao arsenal narrativo
peculiar ao universo da ficção. Mas nada diferencia da reportagem. O relato
jornalístico é fundamentalmente o mesmo. Trata-se de um fato que foi notícia
(matéria quente) e que o jornalista retoma a sua dimensão humana para suscitar
o interesse e a atenção do público. Uma outra discordância é a autonomia que se
atribui a fotografia e aos outros recursos que informam através da imagem. Ou
seja, o critério básico que ele toma é o do texto como unidade discursiva,
figurando a imagem como exceção nesse universo. Entendemos que não é o código
em si que caracteriza um gênero jornalístico e sim o conjunto das
circunstâncias que determinam o relato que a instituição jornalística difunde
para seu público. Então, a fotografia ou o desenho são perfeitamente
identificáveis como notícias, como complemento das notícias ou como
reportagens. Aceitamos como válida, no entanto, a autonomia da opinião
ilustrada por se tratar de uma forma de expressão que ficou reduzida à imagem
no nosso jornalismo.
Critérios para adoção de criação
dos gêneros
Vamos adotar dois critérios para adoção
dos gêneros jornalístico:
Primeiro: o jornalista reproduz o real e
lê o real. Reproduzir o real significa descrevê-lo jornalisticamente a partir
de dois parâmetros que são o atual e o novo. Ler o real significa identificar o
valor do atual e do novo na conjuntura que nutre e transforma os processos
jornalísticos. Justifica-se, portanto a manutenção de instituição que façam
saber aos interessados o que está acontecendo e possam também dizer o que
pensam dos fatos que ocorrem. O jornalismo articula-se, portanto em função de
dois núcleos de interesse: a informação e a opinião.
Segundo: os gêneros que correspondem ao
universo da informação se estrutura a partir de um referencial exterior à
instituição jornalística; a sua expressão depende diretamente da eclosão e
evolução dos acontecimentos e da relação que os mediadores profissionais
estabelecem em relação aos seus protagonistas. Já no caso dos gêneros que se
agrupam na área da opinião, a estrutura da mensagem é co-determinante por
variáveis controladas pela instituição jornalística e que assumem duas feições:
que é a autoria ou seja, quem emite a opinião e a angulagem que é a perspectiva temporal ou espacial que
dá sentido à opinião .
A)
JORNALISMO
INFORMATIVO
1. NOTA
2. NOTÍCIA
3. REPORTAGEM
4. ENTREVISTA
B) JORNALISMO
OPINATIVO
5. EDITORIAL
6. COMENTÁRIO
7. ARTIGO
8. RESENHA
9. COLUNA
10. CRÔNICA
11. CARICATURA
12. CARTA
Jornalismo Informativo
A NOTA
corresponde ao relato de acontecimentos que estão em processo de
configuração e por isso é mais frequente no rádio e na televisão. A NOTÍCIA é o relato integral de um fato
que já eclodiu no organismo social. A REPORTAGEM
é o relato ampliado de um acontecimento que já repercutiu no organismo
social e produziu alterações que são percebidas pela organização jornalística.
Por sua vez, a ENTREVISTA é um
relato que privilegia um ou mais protagonistas do acontecer,
possibilitando-lhes um contato direto com a coletividade.
Jornalismo Opinativo
Nesse caso dos gêneros opinativos,
deparamo-nos com alguns que se estruturam semelhantemente enquanto narração dos
valores contidos nos acontecimento, mas assumem identidades diversas a partir
da autoria/angulagem. O COMENTÁRIO, o ARTIGO, e a RESENHA pressupõe autoria definida e explicitada, pois este é o
indicador que orienta a sintonização do receptor; já o EDITORIAL não tem autoria, divulgando-se como espaço da opinião
institucional (ou seja, a autoria corresponde à instituição jornalística). O COMENTÁRIO e o EDITORIAL estruturam-se segundo uma angulagem temporal que exige
continuidade e imediatismo; isso não ocorre com a RESENHA e o ARTIGO, pois
o primeiro, embora frequente, descobre os valores dos bens culturais
diferenciados, e o segundo, embora também contemple fenômenos diferentes, não
se caracteriza pela frequência, aparecendo aleatoriamente. O que também se
aproxima da RESENHA do ARTIGO é a circunstância de serem
gêneros cuja angulagem é determinada pelo critério de competência dos autores
na busca de valores inerentes aos fatos que analisam. Em relação à COLUNA, CROÔNICA CARICATURA e CARTA um
traço comum é a identificação da autoria. Já as angulagens são distintas. A COLUNA e a CARICATURA emitem opiniões temporalmente contínuas, sincronizadas
com o emergir e o repercutir dos acontecimentos. A CRÔNICA e a CARTA
estruturam-se de modo e temporalmente mais defasado; vinculam-se diretamente
aos fatos que estão acontecendo, mas seguem-lhe o rastro, ou melhor, não
coincidem com seu momento eclosivo. Do ponto de vista da angulagem especial,
somente a CARICATURA estrutura-se
articulamente com o ambiente peculiar à instituição jornalística, ou seja,
nutre-se daqueles valores que dão espírito de corpo à redação de um jornal,
emissora ou revista. A CARTA distancia-se
totalmente, reproduzindo o ângulo de observação que resgata o outro lado do
fluxo jornalístico: o do receptor, o da coletividade. A CRÔNICA e a COLUNA
incorporam ou fazem a mediação com a ótica da comunidade ou dos grupos sociais
a que a instituição jornalística se dirige.
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