quarta-feira, 8 de maio de 2013

LEITURA, TEXTO E SENTIDO


         LEITURA, TEXTO E SENTIDO

A concepção de língua como representação do pensamento corresponde à de sujeito psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações, nessa concepção de língua como representação do pensamento e de sujeito como senhor absoluto de suas ações e de seu dizer o texto é visto como um produto, lógico, do pensamento do autor, nada mais cabendo ao leitor senão captar essa representação mental, juntamente com as intenções do produtor, exercendo, pois, um papel passivo.
A leitura, assim, é entendida como atividade de captação das ideias do autor, sem se levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor. Na concepção de língua como código, portanto, como mero instrumento de comunicação, e de sujeito como (pre)determinado pelo sistema, o texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado.
A leitura é, pois uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do evento comunicativo. Com base nesta concepção podemos entender que:

Ø  A leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do leitor;
Ø  A leitura de um texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é um simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo.

Fundamentamo-nos, pois, em uma concepção sociocognitiva-interacional de língua que privilegia os sujeitos e seus conhecimentos em processo de interação, ou seja, a leitura é uma atividade de produção de sentidos. A leitura e a produção de sentido são atividades orientadas por nossa bagagem sociognitiva: conhecimentos da língua e das coisas do mundo (lugares sociais, crenças, valores, vivências). 
            A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.

          Anteriormente, destacamos a concepção de leitura como uma atividade baseada na interação autor-texto-leitor. Se, por um lado, nesse processo, necessário se faz considerar a materialidade linguística do texto, elemento sobre o qual e a partir do qual se constitui a interação, por outro lado, é preciso também levar em conta os conhecimentos do leitor, condição fundamental para o estabelecimento da interação, com maior ou menor intensidade, durabilidade, qualidade.

            Considerar o leitor e seus conhecimentos e que esses conhecimentos são diferentes de um leitor para outro implica aceitar uma pluralidade de leituras e de sentidos em relação a um mesmo texto, mas, o sentido não está apenas no leitor, nem no texto, mas na interação autor-texto-leitor.

             A pluralidade de leituras e de sentidos pode ser maior ou menor dependendo do texto, do modo como foi constituído, do que foi explicitamente revelado e do que foi implicitamente sugerido, por um lado; da ativação, por parte do leitor, de conhecimentos de natureza diversa, e de sua atitude cooperativa perante o texto, por outro lado.

Já em se tratando de fatores de compreensão da leitura, os fatores relativos ao autor/texto, por um lado, ou ao texto, por outro lado, podem interferir nesse processo, de modo a dificultá-lo ou facilitá-lo. A compreensão não requer que os conhecimentos do texto e os do leitor coincidam, mas que possam interagir.


Conceitos:
          
Ø  Texto àPode-se definir texto ou discurso como ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica (componente do sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados) e formal;

                     Textualidade à É o conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequencia de frases


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